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Vitrine do acervo: Cabides
Nesta vitrine, apresentamos ao público algumas peças de nossa coleção museológica que são habitantes bastante comuns das casas – especialmente de armários e guarda-roupas – mundo afora. São três cabides, todos eles fabricados para a mesma finalidade: simulacro de ombros humanos, servem como suporte de roupas para melhor organizá-las ou conservá-las.
A madeira e o metal presentes nestes exemplares são materiais bastante comuns na constituição dos cabides; o plástico, menos durável, é também visto frequentemente hoje em dia. As funções também são bastante variadas: há modelos específicos para calças, saias, paletós e outras peças.
Aqui, cada um destes três itens traz alguma particularidade: enquanto um deles é pequeno e traz um motivo infantil, provavelmente pertencendo ao mobiliária de um quarto de criança, o outro apresenta forma de cruz, possivelmente utilizada para facilitar o acesso a locais altos, além de alguns frisos aparentemente ornamentais desenhados na haste vertical. A terceira peça, que nos parece a mais básica delas, apresenta um símbolo estampado logo abaixo do cabo, que lembra uma letra ou monograma, onde também pode-se observar um bonito trabalho de encaixe da madeira.
Das poucas informações que possuímos sobre eles, o primeiro é datado dos anos 1920 e de origem portuguesa, tendo pertencido aos pais da doadora Maria Mercedes Pereira do Vale Cofeil, que chamavam este modelo de “cruzeta”. O segundo, pertenceu à doadora, Alberta Jona, migrante italiana, e é datado de 1935. O último, por sua vez, também foi doado por Alberta Jona, juntamente com uma série de outros objetos de indumentária e acessórios.
De uma perspectiva mais subjetiva, os cabides podem ser vistos como um elo entre o mundo de fora e o mundo de dentro, ou seja, entre a roupa que sai do armário para nos vestir para a rua e a mobília doméstica, que caracteriza aconchego e proteção. Eles podem simbolizar, ainda, a organização, em contraposição à desordem da mala quando nos encontramos em uma situação provisória.
Não sabemos ao certo, mas, considerando que tais peças foram doadas ao Museu da Imigração – e não a outro museu qualquer –, esses cabides podem ter significados que vão além do cotidiano prático da disposição das roupas. Não é difícil imaginar que, para quem se encontrou em trânsito em algum momento da vida, simples objetos como estes poderiam representar apegos, conquista de espaços e, por fim, permanência.