A partir do século X d.C., a Rota Marítima da Seda consolidou-se como uma das principais vias de comércio e intercâmbio cultural entre o Oriente e o Ocidente, transportando seda, porcelana, chá e outros produtos que transformaram economias e conectaram civilizações. Originária da China, a sericultura chegou ao Brasil no século XIX, onde o solo fértil e o clima úmido ofereceram condições ideais para que essa tradição milenar criasse novas raízes. No século XX, comunidades imigrantes trouxeram técnicas de sericultura e fiação, impulsionando o crescimento da indústria da seda brasileira e transformando o País em importante polo produtivo, estreitamente vinculado à indústria chinesa.
A mostra, organizada em três módulos – A Origem da Seda, As Rotas da Seda e A Beleza da Seda –, traça uma jornada desde o artesanato ancestral até a vitalidade criativa contemporânea da seda, marcada pela fusão entre arte e tecnologia. Além disso, o percurso reconstitui as rotas marítimas históricas que conectavam a China ao Brasil, revelando camadas de intercâmbio cultural entre os dois países.
Entre os destaques estão os 22 conjuntos de trajes da Dinastia Qing, testemunhos da cultura tradicional chinesa, ao lado de peças de vestuário meticulosamente reconstruídas e obras de patrimônio cultural imaterial que mantêm vivas as práticas artesanais transmitidas através de gerações.
Em diálogo com essa herança milenar, a exposição traz designs interdisciplinares que evidenciam a reinvenção contínua da seda no cenário contemporâneo, em que tradição e inovação se entrelaçam em propostas que atravessam arte, moda e tecnologia, resultando em uma imersão cultural e histórica que convida o público a refletir sobre a atemporalidade das tradições.
“Esta exposição, fruto de uma parceria inédita com o Museu Nacional da Seda da China, explora a beleza e a complexidade de dinâmicas geopolíticas e culturais ao longo dos séculos. Para nós, é uma alegria participar deste novo capítulo, reafirmando o papel do Museu da Imigração como espaço vivo de encontro e memória, celebrando essa rica história de transformação e intercâmbio cultural”, afirma Alessandra Almeida, diretora-executiva do Museu da Imigração.